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O Caboclo que Caiu na Terra ou Somos todos Estrangeiros

Kids queridos, depois de um looooooooooooongo exílio, eu voltei. Usando a fonte Segoe Print, minha favorita quando escrevo sobre David Bowie vou falar do filme “O Homem que Caiu na Terra”. Vi durante as férias. Minhas maninhas viram mais vezes que eu. Uma das cenas do filme foi fotografada e virou a capa de “Station to Station” (1976). E não para por aí. Inclusive o primeiro pôster virou a capa do disco “Low” (1977). Quando eu for falar da Trilogia de Berlim vocês vão saber que diacho é isso.

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Cartazes do filme “O Homem que Caiu na Terra”, de 1976. O tipo de letra usado no nome “The Man Who Fell to Earth”, você já deve ter visto em alguma camiseta do Iron Maiden.

Antes de tudo, vamos às informações sobre esse filme:

Título: O Homem Que Caiu na Terra (The Man Who Fell to Earth)

Diretor: Nicolas Roeg

Roteiro: Paul Maysberg, baseado no romance de Walter Tevis

Elenco: David Bowie, Rip Torn, Candy Clark, Buck Henry

Produção: British Lion Film Corporation, Cinema 5

Distribuição: The Criterion Collection

Ano: 1976

País: Reino Unido

Duração: 125 minutos (aproximadamente)

Censura (no Brasil): 18 anos (Nudez e cenas de sexo explícito)

O filme é muito sério (o Bowie não dá nem um sorrisinho durante todo o filme). Eu fiz uns comentários engraçados nas caixinhas só para quebrar o gelo. Eu gostei do filme, aborda a temática da solidão e do “ser estrangeiro”: se sentir perdido em uma terra que não é a sua. Quem nunca se sentiu um estranho, mesmo no meio em que vive? Thomas Jerome Newton, o protagonista dessa história, se sente perdido e atordoado na Terra. Mesmo que tente voltar ao seu planeta natal, se sentirá preso à Terra. Mas ele jamais voltará ao lugar de onde veio.

Diferentemente da maioria dos alienígenas do cinema Tommy é um ser frágil, passivo e indefeso. E diferentemente de Ziggy Stardust, outra figura alienígena que foi encarnada por Bowie nos anos 1970, aparentemente não tem a carga sexual excessiva (aparentemente, mas depois tem cenas de sexo que fariam Ziggy corar seu rosto branco). Tommy é dotado de uma pureza e de uma ingenuidade que dão até dó. Seus valores não se ajustam aos dos humanos com os quais convive. A sua companheira humana Mary-Lou o encaminha no vício: a televisão e o gim (uma bebida alcoólica fortíssima e altamente viciante) e acaba se tornando a perdição de Tommy. Por causa de Mary-Lou Tommy ‘se esqueceu’ da esposa e dos dois filhos que estão o esperando. A vida de humano o seduziu.

O filme, baseado num romance de ficção científica de Walter Tevis, conta a história de um alienígena humanoide que veio para a Terra em missão de paz (levar água ao seu planeta natal): usando o nome Thomas Jerome Newton e um passaporte inglês, aparece de repente numa cidade no meio do nada chamada Haneyville e vende um punhado de anéis para poder ir para Nova York. TMWFTE-1

Aquele lá em cima sou eu!

Thomas (ou Tommy) fisicamente se parece com um ser humano normal de vinte e poucos anos (exceto pela parte de que esse “ser humano normal” é o David Bowie). Apesar de seu jeito meio estranho, o homem que caiu na Terra parece ser normal. Sua única mania: beber água. De qualquer canto: se derem água de esgoto, o Tommy bebe e com gosto. Mesmo.

Poor Tommy has such a hard time with our gravity. Lying atop him would be a very bad idea.

Olha a água mineral. Você vai ficar legal!

Quando consegue uma grana se manda para Nova York. Entrega seu tesouro (uma pasta cheia de papeis) para o advogado de patentes Oliver Farnsworth e ainda lhe promete 5% da empresa e 10 % dos lucros. As nove patentes básicas eram revolucionárias e fariam as grandes corporações se tornarem obsoletas (para os anos 1970, hoje em dia seriam café pequeno). E com essas patentes, Newton monta seu conglomerado, a World Enterprises. Que lhe rende uma grana preta, 300 milhões em apenas três anos, só isso. Tá bom pra você?An alien in a fedora

Thomas Jerome Newton: O homem à base de água…

E começa The Rise and Fall de Ziggy…ops, de Tommy. O nosso alienígena bonzinho comanda seus negócios de dentro de uma limusine (que tem uma antena e um telefone!). Quando estava vendo essa parte, me lembrei de uma música do Iggy Pop, “The Passenger” (que tem uma versão em português chamada “O Passageiro”, do Capital Inicial), “I am the passenger/And I ride and I ride” (a tradução ficou assim: “Eu sou o passageiro/Eu rodo sem parar”).

O Tommy fica rodando feito um doido no banco de trás da sua limusine (ele tem um motorista!) por paisagens desérticas e bebendo muitos copos de água do frigobar (daí a a legenda: o homem à base de água). E comandando seus negócios por telefone.

Nesse meio tempo, aparece Nathan Bryce, um professor de química divorciado que gosta de transar com as suas alunas. E que quer trabalhar na World Enterprises, pois se sente insatisfeito com o emprego na universidade em que dá aulas e com o seu chefe, Canutti.

Um lindo dia, o Tommy fica entediado de ficar só rodando e resolve ir para um hotel. Com o nome de Mr. Sussex vai para um quarto. Mas o cara passa mal no elevador (passa mal é eufemismo, o cara parece que tá morto).

HNNGGOh babe

Ai, meu Deus, o cara morreu! Chama o rabecão!

É atendido por uma garçonete mega ultra carente chamada Mary-Lou. A mulher é viciada em televisão e gim (teor alcoólico de 43%, tá bom pra você?). Os dois ficam conversando como se não houvesse amanhã.

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Como dívida de gratidão, Tommy chama Mary-Lou pra ir rodar com ele. Mas Tommy já é casado e pai de família lá no planeta dele. A sua missão é levar água pra sua família, os únicos sobreviventes naquele planeta árido. E aos poucos, Thomas Jerome Newton começa a esquecer do que veio fazer na Terra.

Mary-Lou leva o Tommy para a igreja. Eu achei essa cena muito boa, porque pessoas normais pensam que em filme que apareça um cantor, ele tem a obrigação de dar um show, se tiver que cantar. Nesse filme, não. O David nessa cena canta mal porque ele não é o David, em cena é o Tommy. E o Tommy não é o David Bowie, o cantor que surpreende até menininhas do século XXI como eu.TMWFTE-4

Passa um tempo. Tommy e Mary-Lou vivem um romance terno e quase sem-graça, quase uma obrigação contratual. Mas que pega fogo debaixo dos lençóis. Pega fogo mesmo.

Umas das cenas mais legais do filme (e que tem um pouco de putaria), é o Tommy dando uma desculpa para Mary-Lou: não sabe como se secar (provavelmente porque nunca tomou banho na vida). E a mulher, paciente, ajuda o seu parceiro de outro mundo a se secar. A cena no qual os dois estão no seu ninho de amor, intercalada com uma cena em que Tommy dá de presente a Mary um telescópio, é uma das mais fodonas de todo o filme. O diretor Nic Roeg conseguiu tirar poesia de uma cena de sexo…

Tem outra cena proibida para menores que eu gosto. Mas vou contar mais na frente. the man who fell to earth

Em outro filme em que o David atua tem um fenômeno parecido. O diretor de “Fome de Viver” Tony Scott fez uma coisa semelhante (tirar poesia de uma cena de putaria): numa cena em que Miriam Braylock (Catherine Deneuve) e John Braylock (David Bowie) estão tomando banho (juntos) depois de uma caçada (os dois foram para uma boate que tava tocando Bauhaus, o casal seduz dois incautos, os matam e se alimentam do sangue deles. Simples, não?). Obviamente os dois são vampiros e estão juntos há cerca de 300 anos (e nunca tiveram uma DR, incrível). John diz a Miriam “Para sempre?”, ela responde “O quê?”, ele continua “Para todo o sempre” e os dois se beijam. Detalhe: os dois estão pelados, debaixo de um chuveiro e estão juntos de uma maneira tal que não sabemos onde começa Miriam e termina John. Para mim é o símbolo de um amor que deveria durar para sempre, até que o John começa a ficar velho de uma hora para outra…e não vou estragar a surpresa. Assista.

Mas voltando ao Tommy e a Mary-Lou: os dois vão morar juntos em uma linda casinha com uma temática japonesa perto de onde Tommy caiu. Parece um casamento normal. Mas nada que tenha o dedo do David Bowie é normal.

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Inclusive uma das fotos do filme virou uma montagem, que está na exposição “David Bowie is…”. Quando essa exposição vier ao Brasil você pode conferir de pertinho.

Fica com vergonha, não.

Depois de algumas ceninhas de sexo entre Tommy e Mary-Lou, o “casamento” começa a desandar: o alienígena bonzinho começa a ver muita televisão a ponto de não conseguir sair da frente do mural de televisões. Vicia mesmo. E não liga mais para a sua querida Mary-Lou. Só pras suas tvs e pro seu gim (Anotaçãoele aprendeu a beber…). Uns dizem que a cena em que Tommy aparece em frente às suas tvs e quase pira inspirou uma das músicas de “Station to Station”: TVC 15.

Mulher, sai do meio. Tá passando um monte de coisas e eu quero ver todas!

Mas isso não é o pior: Mary-Lou quer ir pro banheiro. Tommy tá lá dentro há muito tempo. Cansado de ser David Bowie, Tommy resolveu despir-se da pele do Camaleão e foi ser ele mesmo. Despiu-se mesmo.

Mary força a porta do banheiro e a abre. E se espanta: Tommy não é desse planeta!

Mas depois o casal tem uma DR. Tommy não explica o que é de verdade (na lata), mas dá pistas. E tem que voltar a vestir a pele do Camaleão, porque sendo o que é de verdade tem atratividade zero para Mary-Lou. Nível de sex-appeal negativo.

Mas o couro começa a comer para o casal Tommy e Mary-Lou. A cena mais bizarra é a retratada nas fotos abaixo. Tommy, puto com a sua companheira humana, taca a mão na travessa de biscoitos que ela está carregando. Diz que quer se separar e promete a Mary uma grana preta, mas ela não aceita (os dois vivem em comunhão de bens, quase um casamento).the man who fell to earth7

Querida, precisamos conversar. Sabe, eu vim de outro planeta e você descobriu o meu segredo. Que tal terminarmos com isso e cada um seguir a sua vida? Te deixo uma grana preta, um disco meu autografado e nos separamos.

Se em casa as coisas não iam lá muito bem, os negócios da World Enterprises estão indo muito bem, obrigado. Agora, no ramo aeroespacial. Thomas Jerome Newton constrói sua cápsula para levar água ao seu planetinha natal. E tenta partir para o seu lar, onde sua esposa e seus dois filhos estão o esperando.

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Nathan começa a ficar desconfiado de que Tommy não é que nem todo mundo. Passa um raio-X no dono da empresa em que trabalha e descobre que o cara não tem nenhum osso aparente. Mas o Tommy descobre a armação (além de manter o corpinho de David Bowie eternamente jovem, ele consegue ver raios-X, para ele é uma luz cegante) e abre o jogo. Seu segredo está ameaçado.

Ele tenta partir para seu planeta natal, mas é pego por uma armadilha armada pelo governo, Farnsworth é morto com o seu amante Trevor, a World Enterprises vai à falência e Mary-Lou se casa com Nathan Bryce. Tommy é levado a um hotel, no qual é mantido em cárcere privado e submetido a montes de experiências dolorosas. Do tipo: pegam um bisturi e enfiam nos mamilos para ver se sai sangue (só para constar: sai e não é azul)…

Abra a boca, Tommy.

Para fazer todos os exames teremos que te embebedar, sr. Newton. Quer um pouquinho mais de gim?

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Calma, gente. Eu mesmo tiro as minhas lentes.

Não faz isso, por favor! Vou ficar cego! Já basta um dos meus olhos ser quase cego! Vocês humanos são maus comigo!

Passa mais um tempo. Mary-Lou tá velha, casada e baranga e o Tommy já está há muito tempo em cárcere privado e sem pegar nada, nem mesmo resfriado. Com um pouco de fome e tédio, resolve ameaçar a sua mulherzinha humana com um revólver. Detalhe: ela tá só com uma banana e o Tommy tem nas mãos uma arma de fogo altamente letal. É interessante o discurso que Tommy dá para Mary-Lou: “Eu poderia te matar bem aqui nessa cama. E aí eles te levariam embora e me trariam outra garota”. Muito bonito, T.J.N. O que a falta de mulher não faz com o alien…the man who fell to earth3the man who fell to earth4the man who fell to earth5 Thomas-Jerome-Newton-the-man-who-fell-to-earth-19403735-496-330

Querida Mary-Lou, você vai morrer. Sabe, o nosso ‘casamento’ andou abalado depois que você descobriu o que sou de verdade. Não te amo mais do jeito que eu te amava há, sei lá quantos anos. Durma bem. T.J.N

Mas a porra da arma não atira?! E gera a outra cena de putaria que eu citei lá em cima, só que sem poesia (tem uma baita selvageria): os dois transam e ficam brincando com a arma. Detalhe: segundo Angie Bowie “[…] Seu orgulho pelo tamanho e potência de seu equipamento sexual é obviamente justificável (nesse caso, o orgulho é do David)” (Bowie, Angela; Patrick Carr. Backstage Passes – Life on the Wild Side With David Bowie. Nova York: Cooper Square Press, 2001). E na cena de Tommy brincando com o revólver mostra o tal “equipamento sexual” do David. Por isso se justifica a censura 18 anos.

Depois Tommy tenta presentear Mary-Lou com a única coisa que realmente pertencia a ele: um anel (um dos anéis que ele vende no começo do filme e com ele consegue uma grana preta). Mas ela reclama que o anel não serve e sai, em prantos.

Mas a putaria termina aí. Passa mais um tempo. Mary-Lou, mais velha e baranga do que nunca compra de presente de Natal uma garrafa de gim. E a aproveita ao lado de seu marido, que parece um cacareco.

Nathan vai para uma loja de discos. Eu notei que tinha um anúncio do disco “Young Americans” no alto. O Nathan presta atenção em um disco, cujo o nome é “The Visitor” (literalmente O Visitante). Vai atrás do Tommy e lhe pergunta porque gravou um disco. Tommy responde que provavelmente sua esposa irá ouvir pelo rádio (mesmo sabendo de antemão que ela e seus filhos estão mortos). E depois o filme acaba. Provavelmente Tommy passará o resto dos seus dias na Terra como um bêbado com o rosto do David Bowie.16The Man Who Fell

Depois do Homem que Caiu na Terra…

Depois do fim das gravações do filme o David chamou a sua banda e foi gravar “Station to Station”. As gravações duraram APENAS 10 dias, pois as músicas que iriam entrar na trilha sonora de “O Homem que Caiu na Terra” entraram nesse disco. As exceções são “Station to Station”, “Golden Years” (há uma disputa entre Angela Bowie e Ava Cherry pelo posto de ‘musa inspiradora’. Na introdução de “Backstage Passes” Angela conta que David cantou “Golden Years” pelo telefone para tentar reconquistá-la), e “Wild Is The Wind” (que, mais uma vez, é um cover). Pouco tempo depois do lançamento do filme, “Station to Station” foi lançado, em janeiro de 1976. As duas capas do disco remetem diretamente ao filme “O Homem que Caiu na Terra”.

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Capa original, de 1976. Essa capa está na edição de luxo. Mais embaixo posto foto da edição completa.

Station to Station (1976)

Capa do relançamento, nesse caso de 1991. Infelizmente, só tem importado. A edição de luxo, lançada em 2010 tem um show na íntegra: o show no Nassau Coliseum em 1976.

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Esse é o meu papel de parede do computador.

Na opinião dos críticos é um dos discos mais acessíveis, mas ao mesmo tempo mais complicados da discografia de David Bowie. É acessível por causa das baladas românticas e pelo som (funk misturado com sons eletrônicos). É complicado pela enorme quantidade de referências: vão da cabala ao cristianismo, passando pelo ocultismo, pela filosofia de Nietzsche e o seu super-homem. Em “Station to Station” o David inaugura uma persona nova, a persona que tem mais a ver comigo: o nosso querido Duque Magro e Branco, The Thin White Duke. Olha uma das fotos do lançamento e uma das minhas favoritas do Bowie: censura 18 anos.

O Duke, ditador do inferno do rock (segundo um site), é a mais cruel e terrível persona artística do David Bowie (e por sinal, a sua última). É uma espécie de ‘evolução’ do Blue Eyed Soul Boy (Garoto Soul de olhos azuis, a persona de Young Americans, um Bowie americanizado que cantava soul e funk) com uma mistura com o personagem Thomas Jerome Newton, do filme “O Homem que Caiu Na Terra” (um ‘homem’ meio frio e que transava por prazer, puro e simples). The Duke incorporou o estilo de cantar e o estilo musical da persona anterior. E com isso, faria a América pagar os seus pecados. O Duke incorporaria o antigo Bowie e que seriam dramaticamente diferentes dos Bowies anteriores. Nas roupas, na voz, nos trejeitos, em tudo. Nas fotos de divulgação de #StationtoStation, Bowie aparecia de maneiras esquisitas. Como nessa foto da edição japonesa: a não ser que você não tenha reparado, o Bowie está vestido somente com uma jaqueta da RAF (Real Força Aérea) estendida sobre seus ombros, com as mãos algemadas cobrindo o seu sexo. Se alguém souber japonês, por favor traduza e mande nos comentários.

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O Duke é descrito por alguns biógrafos de Bowie como “um aristocrata louco”, “um zumbi amoral” e até de “super-homem ariano sem emoção” (aí já é demais), para Bowie não era nada além de “um personagem desagradável”. Alguns acham que é uma extensão do Thomas Jerome Newton do filme que numa parte grita pela sua querida Mary-Lou (sua amante). Muitos classificam “Station to Station” como um álbum de canções de amor e um disco de transição: do plastic soul para o Kautrock ou Kraft rock cheio de texturas e sons que ele faria na Trilogia de Berlim (vou falar desses discos, vou avisando!). Essa persona (Thin White Duke) se tornou uma espécie de apelido para o David Bowie. O nome original do disco “Station to Station” seria o primeiro verso da música homônima: “The return of the Thin White Duke”.

Mas depois de uma treta que o DB teve com a CIA…bom, essa história é pra mais tarde!