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Nos tempos da purpurina parte I: A subida e a queda de Ziggy Stardust e os Spiders from Mars

kwestEsse post é sobre um dos meus discos favoritos: “The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars”, de 1972. Juro que caprichei na postagem sobre esse disco ao extremo, me perdoem se ficar grande para caralho e ficar um pouco repetitivo, terei que dividir o texto em tópicos. Na verdade, terei que dividir em postagens. É tanta coisa que não vai caber em um texto só. Falar do disco, dos shows e do pau que rolava vai demorar bastante. Vou tratar desse disco em todo o mês de julho. Em quatro posts que prometo que serão empolgantes e farão você, caro leitor, ouvir esse disco e gostar. Nesse primeiro post da série “Nos tempos da purpurina” vou tratar do disco em si. Se você, caro leitor, estiver esperando figurinos coloridos de doer na vista, espere a postagem da semana que vem. A maior parte das imagens desse post serão em preto-e-branco.

Ziggy Stardust” (como é mais conhecido pelos fãs) é um disco conceitual de David Bowie, entra na categoria ópera-rock, e influenciou quase tudo o que veio depois. O legal do disco: apesar de não ser uma ópera-rock tão elaborada quanto “Tommy” do The Who, é igual chiclete. Gruda de uma forma tal no ouvido… Coisa que só acontece com discos bons. E como está num cantinho do disco: “To be played at the maximum volume” (Para ser tocado no volume máximo). Minha mãe e minha irmã ficam com raiva quando faço isso com esse disco (tocar no último volume). Tambem tenho direito de ouvir no último volume! Mamãe ouve Eduardo Costa e Léo Magalhães, a minha irmã ouve aqueles funks e eu fico ouvindo David Bowie até ensurdecer!

O disco foi relançado diversas vezes (1982 pela RCA, 1990 e 1994 pela RYKODISC, 1999, 2002 e 2012 pela EMI). A versão que eu estou ouvindo é a de 2002, disco duplo com direito a faixas que apareceram em outros discos como “The Man Who Sold the World” (1970) e versões alternativas de faixas como “Hang on to Yourself” e “Moonage Daydream”. Esse disco iniciou a “Ziggy-era”, que continuou com “Aladdin Sane” (1973) e o disco de covers “Pin Ups” (também de 1973), e terminou com “Ziggy Stardust and the Spiders from Mars – The Motion Picture” (1983), que é o registro do último show da turnê “Ziggy Stardust”, em 3 de julho de 1973. O filme foi lançado antes (em 1973, mas foi relançado em 1983) e em 1983 o David, além de ter se separado da Angie e ficado loiro de novo, já tinha até feito parceria com Mick Jagger. No palco, não na cama!

Pra entender o magnetismo que tem nesse disco, tive que ouvir outros diversos discos. Além dos discos citados lá em cima ouvi “Bowie at the Beeb” (uma copilação de gravações na BBC feitas em 1968/1969, 1972 e 2000 escolhidas pelo David Bowie em pessoa) o disco nº 2 (2000); e “Transformer”, de Lou Reed (1972). Tive que ouvir ainda Bauhaus (os cabras fizeram uma versão de “Ziggy Stardust”, de 1982), Berlin (que fizeram uma versão ao vivo de “Suffragette City”, de 1987), Red Hot Chili Peppers (que também fizeram cover de “Suffragette City”), Nenhum de Nós (que fizeram uma versão em português para “Starman”, o clássico “O Astronauta de Mármore”), Seu Jorge (sim, ele fez um disco inteirinho só de covers do Bowie, “The Life Aquatic Studio Sessions” e o Bowie adorou!) e ia ouvir mais, mas tenho uma semana para fazer as postagens desse blog (faço duas postagens por semana, em condições normais) e o tempo hábil é corrido. Ainda vi clipes, vídeos, um documentário da BBC em inglês, perdi a final da Copa das Confederações para terminar essa postagem. E…taí.

Concluí o seguinte: esse disco, além de ter inaugurado um novo estilo (o glam rock, o rock de plumas, paetês e glitter saindo por todos os poros) pôs de volta no rock algo que estava faltando: sexo. Isso.

Enquanto escrevia essa parte do texto estava ouvindo “The Width Of A Circle” (em “Ziggy Stardust and the Spiders from Mars – The Motion Picture”). O eu-lírico é um jovem gay, que não consegue se aceitar do jeito que é e se acha um monstro (dá para enxergar o David por trás desse eu-lírico, não?). Vai para um barzinho chinfrim mesmo sabendo que sua reputação vai para o espaço. Lá no bar chinfrim encontra um cara que segundo o eu-lírico “ele engoliu seu orgulho e mordeu seus lábios/E me mostrou o cinto de couro em volta de seus quadris”. O eu-lírico se sentiu assim ao ver tal cena: “Meus joelhos tremiam e minhas bochechas estavam em chamas”. Traduzindo: paixão instantânea. Os dois vão a um lugar meio cavernoso e mesmo morrendo de medo o eu-lírico se entregou ao cara que conhecera no bar. Em uma parte dessa música tem os dizeres: “His nebulous body swayed above/His tongue swollen with devil’s love/The snake and I, a venom high/I said ‘Do it again, do it again!’”, (tradução: Seu corpo nebuloso balançava-se por cima/Sua língua aumentava com um amor demoníaco/A serpente e eu, um veneno forte/Eu disse ‘Faz de novo, faz de novo!’). Obviamente essa faixa fala de sexo. Entre dois seres humanos do sexo masculino. “Ziggy Stardust” também fala de sexo. Mas não de maneira tão óbvia, só no subentendido.

Para ter uma ideia do que rolava: David Bowie ficou diversos anos sem ver os vídeos da época mais doida de sua vida. Motivo: subia no palco completamente chapado e ele jura que não se lembra de quase nada do que rolava, os outros o lembraram. O cara fazia o personagem de maneira tão convincente (vi uns vídeos, é mesmo) que assustava. No palco (e às vezes fora dele), baixava no David Ziggy Stardust com força total. Mas tudo que é bom demais também cansa. Teve uma hora que teria que ser tirada a máscara (ou maquiagem, sei lá) do rosto de Bowie. Quando li sobre isso me lembrei de um poema de Fernando Pessoa (do heterônimo Álvaro de Campos), “Tabacaria” “Quando quis tirar a máscara/Estava pegada à cara” (Fonte: Fernando Pessoa, Obra Poética. Rio de Janeiro, Aguilar, 1965. p. 362-6). David tentou tirar a máscara de Ziggy, mas estava pregada à cara. No fundo ele tinha medo de ficar doido.

ANTES DE ZIGGY, O CAOS?

O disco “The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars” foi gravado no Trident Studios, Londres (endereço completo: Trident Studios, 17 St Anne’s Court, Wardour Street, Soho, London, UK.), entre 1971 e 1972. O primeiro single, “Starman”, foi lançado cerca de um mês antes do lançamento oficial do disco e havia sido gravado em separado. Naquela época não havia internet, mas também havia vazamento de gravações. Como? Pelo rádio. Embaixo, a capa do single. E mais embaixo, o cartaz do show de lançamento.

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A capa do disco já é um espetáculo a parte. David, na época gripado até os ossos, tirou a clássica foto da capa do disco em K. West (o lugar não existe mais, infelizmente Smiley triste), Heddon Street, Londres; num frio de rachar e ainda com o macacão aberto até o umbigo, maldade. Na parte de trás, ele está abrigado em uma cabine telefônica daquelas bem antigas também em Heddon Street (já a cabine, tem uma réplica onde muito fã tira foto). Nesses tempos David Bowie ainda era David Bowie, mas havia começado a transformação de David em Ziggy. O cara tinha se livrado de seus longos cabelos (que já estavam fora de moda) e depois tingiria de vermelho. Aquele vermelho… O famoso Red Hot Red. No próximo post eu vou falar de moda e dos figurinos malucos mas cheios de estilo da turnê.

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O personagem Ziggy Stardust é inspirado em Alex, protagonista do filme “Laranja Mecânica” (A Clockwork Orange), de 1971. Inclusive estou lendo o livro que virou o filme (em PDF, diga-se de passagem).

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Foi tão inspirado que uma das fotos do encarte foi feita propositalmente remetendo ao filme (aquela embaixo!): David e os Spiders from Mars pareciam Alex e seus três drugues* (*seus chapas) de “Laranja Mecânica”. E a foto do presskit também remete ao filme. Uma magnífica revolta.

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O nome “Ziggy” foi inspirado em uma loja de alfaiate chamada “Ziggy’s”, mas também pode ter origem em “Iggy” (Iggy Pop) ou em “Twiggy” (modelo britânica que chegou a posar com Bowie na capa do disco “Pin Ups”, Twiggy é considerada a primeira modelo moderna). O sobrenome “Stardust” foi inspirado em um cantor americano de country, o The Legendary Stardust Cowboy, que misturava o sertanejo americano com uma temática espacial (lendo isso imaginei a Taylor Swift cantando “Space Oddity” com aquele violão prateado e uma roupa de astronauta. Ficaria legal). Inclusive David Bowie fez uma homenagem ao Legendary Stardust Cowboy com um cover no disco “Heathen” (2002), “I took a trip on a Gemini Spacecraft”.

Ziggy Stardust, o álbum, conseguiu críticas positivas, tanto pela forma quanto pelo conteúdo. Ficou em 5º lugar nas paradas britânicas, mas não fez tanto sucesso nos EUA: só chegou ao 75º lugar na parada Billboard. Foi considerado pela revista Rolling Stone o 35º melhor álbum de todos os tempos na lista 500 greatest albuns of all time, de 2005.

Devo dizer que antes de ser cantor, David Bowie é ator. Unia música com teatro para encarnar com maior veracidade o personagem. E estava claro que quando David era Ziggy, era Ziggy. Chegou ao ponto de o criador ser confundido com a criatura.

London Revisited

Estamos em 1972. A Londres da época era um verdadeiro caos, parecia que o Armagedom havia chegado. Na verdade, havia motivo para achar que o fim estava próximo (desemprego, falta de perspectiva, o povo queria meter o pau na rainha e no Parlamento). Nesse contexto, cai de paraquedas Ziggy Stardust. Um ser alienígena branquelo de cabelos ruivos que ardiam na vista e que tinha uma mensagem bonita de paz e amor para a humanidade, que estava a cinco anos do fim de sua passagem na Terra. Ele espalha essa mensagem com rock’n’roll. O probleminha (lembrei do Felipe Neto agora: “Você tem probleminha…”): Ziggy se transformou de um ser espiritualizado em um ser mundano pra lá de Bagdá. O sucesso dele com a sua banda, a Spiders from Mars lhe sobe aos neurônios. Ziggy vira um cara completamente descontrolado, sexualmente promíscuo, drogado até os ossos, e com um potencial de autodestruição enorme. No fim ele morre no palco, ou melhor, se suicida no palco. Pondo fim à sua vida se redime de todos os seus erros. Lembram da postagem Quatro Vezes Você? Se relaciona a ela.

A seguir, info do disco:

Faixas (todas as faixas foram compostas por David Bowie, exceto onde for indicado por *):1. Five Years (4min04seg)2. Soul Love (3min34seg)

3. Moonage Daydream (4min37seg)

4. Starman (4min17seg)

5. It ain’t Easy (3min00seg)* (Ron Davies)

6. Lady Stardust (3min21seg)

7. Star (2min47seg)

8. Hang on to Yourself (2min39seg)

9. Ziggy Stardust (3min13seg)

10. Suffragette City (3min26seg)

11. Rock’n’roll Suicide (3min02seg)

Duração: 38min37seg
Produzido por: David Bowie & Ken Scott
Arranjos de: David Bowie & Mick Ronson

David Bowie: guitarras, saxofones & vocais
Mick Ronson: guitarras, piano & vocais
Trevor Bolder: baixo
Mick ‘Woody’ Woodmansey: bateria

Estúdio: Trident Studios, 17 St Anne’s Court, Wardour Street, Soho, London, UK.
Capa do disco & foto na cabine telefônica: Brian Ward
Arte-final: Terry Pastor da Main Artery

Na primeira parte de “Nos tempos da purpurina” vou analisar o disco em si, faixa a faixa. Se prepare, pois se você achou que terminou, está enganado.

A principal fonte de informações sobre o disco foi o site The Ziggy Stardust Companion e esse site também foi a fonte da maioria das imagens (em inglês). As músicas estão no meu Skydrive, se quiser pode baixar à vontade, juro que não vai se arrepender. As músicas estão aqui.

Os vídeos a seguir exemplificam melhor o que eu tô falando. O primeiro: “Moonage Daydream” é do famoso show conhecido como “The Retirement Gig”, em 1973. Vou falar desse show quando eu for falar dos shows. O segundo: “Queen Bitch” é anterior a “Ziggy Stardust”, mas essa execução é de 1972.

Freak out in a moonage daydream, oh yeah!

 

Pessoalmente é um das mais legais do David Bowie: “Queen Bitch”.

Como não vai caber todas as faixas aqui nesse texto, vou falar de cada uma delas em linhas gerais. E os títulos coloridos abaixo são as minhas partes favoritas de cada música. Enjoy it!

Anotação “We got fiiive years…”

O disco começa em alto estilo, com “Five Years”. Essa faixa mostra que o planeta Terra (e por extensão toda a humanidade) tem um prazo de validade: cinco anos exatos. Apesar de a música não explicar qual será a causa do aniquilamento do planeta o conteúdo da letra mostra que todo mundo é igual. Todos os seres humanos do planeta Terra estão no mesmo barco, em busca de uma salvação. Mas há uma esperança.

Anotação “Inspirations have I none…”

A segunda faixa, “Soul Love”, mostra as diversas formas de amor e suas relações entre si. “Stone Love” é o amor por quem já morreu. “New Love” é o amor romântico e sonhador. Apesar de não ser tão bela quanto o soneto nº12 de Camões essa canção mostra a verdadeira natureza desse sentimento: “Idiot love will spark the fusion” (O amor burro estimula a fusão). “Soul Love” é o amor religioso e espiritual, provavelmente o amor mais bonito que existe.

Anotação “I’ll be a rock’n’rolli’ bitch for you…”

Faixa nº3, “Moonage Daydream”. Começa aqui a saga de Ziggy Stardust. O messias é criado/revelado e sua missão é salvar a Terra do aniquilamento. É também chamado de “Soul Lover”, por sua alma pura. Essa faixa mostra a criação de Ziggy Stardust: uma combinação de religião, romance, liberdade sexual, rebelião (eram os anos 1970!) e paixão. Ele sofre uma metamorfose, se transformando em um rockstar. A música é muito difícil de se entender.

Existe uma versão da época de “Hunky Dory” (1971, antecessor de “Ziggy Stardust”) de um projeto que David Bowie havia feito, o Arnold Corns. A letra e a melodia são ligeiramente diferentes da versão presente no disco. Está na edição de 30 anos de “Ziggy Stardust” e no relançamento de “The Man Who Sold the World” (1990).

Anotação “There’s a starman waiting in the sky…”

Uma das minhas faixas favoritas. Ziggy é avisado em sonho pelos infinites (de acordo com David, saltadores de buracos negros, ficção científica até o pescoço) de que os seres humanos tem uma esperança a qual se agarrar. Então, ele escreve “Starman”, uma espécie de boa notícia. O eu-lírico dessa música é um jovem da Terra que faz contato através do seu rádio com um ser alienígena que promete a salvação do nosso planeta. Devo ressaltar duas informações: Ziggy Stardust NÃO é o Starman, que fique bem claro. E que tem um vídeo em que David e os Spiders tocam em um programa da BBC, o “Top of the Pops” que é muito legalzinho.

Anotação “It ain’t easy to get to heaven when you’re going down…”

Depois dessa faixa termina o lado A do disco (discos tinham dois lados!). Muita gente se pergunta: o que essa música tem a ver com a epopeia espacial de Ziggy Stardust, se nem do David Bowie é? Essa música nos faz retornar à Londres pré-apocalíptica e fala das coisas que um jovem pode fazer na vida. Eu gosto dessa música, escuto muito durante as minhas viagens para a chegar na faculdade. Mesmo que não tenha (quase) nada a ver com Ziggy Stardust.

Anotação “And he was alright, the band was altogether…”

Com “Lady Stardust” começamos o lado B do disco “Ziggy Stardust”. Mostra o quão maravilhoso Ziggy era no palco. Quando eu vi essa música pela primeira vez achava que a tal Lady era uma espécie de namorada do Ziggy, quando na verdade a Lady é o próprio Ziggy. No fundo é uma homenagem a um amigo/rival de David Bowie, Marc Bolan. É o auge do sucesso de Ziggy!

Anotação “I could play the wild mutation as a rock & roll star!…”

Outra das minhas favoritas. “Star” é uma espécie de ‘manifesto Ziggy’ no qual ele mostra como quer mudar o mundo influenciando a humanidade através do rock’n’roll. Reforça sua missão de alegrar a Terra e salvar os humanos antes do inevitável fim. É no estilo “carpe diem” (aproveita o dia): já que o fim está proximo, aproveita os últimos instantes no planeta Terra!

Anotação “If you think we’re gonna make it, you better hang on to yourself…”

Pessoalmente eu não entendi direito essa faixa. “Hang on to Yourself” traz de volta a figura da Lady Stardust que reza ao Sol* e distribui sonhos elétricos (she’s a tongue-twisting storm, she’ll come to the show tonight/Praying to the light machine*/She wants my honey, not my money, she’s a funky thigh-collector/Laying on electric dreams) e mostra que Ziggy não é apenas um artista interessado em ganhar dinheiro, mas que é um líder sexual (estamos nos anos 1970, esqueceu?).

Assim como “Moonage Daydream”, existe uma versão anterior a “Ziggy Stardust” de “Hang on to Yourself” também feita pelo tal Arnold Corns. Essa versão tem uma letra mais simples de se entender. É interessante. Assim como “Moonage Daydream” está na edição de 30 anos de “Ziggy Stardust” e no relançamento de “The Man Who Sold the World” (1990).

Anotação “Making love with his ego, Ziggy sucked up into his mind…”

Em “Lady Stardust” começa The Rise (a ascensão). Aqui em “Ziggy Stardust” começa The Fall (a queda). Como o sucesso subiu à cabeça de Ziggy, o pau começou a comer para o seu lado. Lembram-se que eu escrevi que ele passou de um ser espiritualizado a um ser mundano pra lá de Bagdá? O eu-lírico é alguém da banda Spiders from Mars, que narra como o monstro da fama acabou pirando o alien (monstro da fama é somente uma abstração). Metaforicamente Ziggy é morto por seus fãs e a banda acaba. Ziggy acabou pagando o preço e provando o gosto amargo do seu próprio veneno.

Anotação “You know my Suffragette City is outta sight…she’s all right…”

Outra das minhas favoritas. A queda de Ziggy se acelera. “Suffragette City” é um lugar desprezível onde todos querem se aproveitar de Ziggy, o esculacham com piadinhas de toda e qualquer espécie, e seus amigos só se aproximam para lhe pedir as coisas. Ziggy pensa que naquele lugar não há ninguém tão bom quanto ele para se manter relações (de todas as espécies, não apenas sexual) e está sozinho, entediado e não está mais curtindo o lado legal de ser star. E resolve usar a lei de Talião: já que os seus amigos se aproveitam dele, vai se aproveitar também desses amigos sanguessugas.

Anotação “I’ve had my share, I’ll help you with the pain…”

O fim, o Armagedom, o Apocalipse, chame como quiser. Chamo de “Rock’N’Roll Suicide”. Ziggy está perdido no tempo e não liga mais para nada: nem comida nem sexo. Está calmo, sabe que o fim está próximo: tanto o dele quanto o do mundo. Resolve se matar e pondo um fim em si espera acabar com seu sofrimento. Mas no fim da música pelo menos há uma esperança para acabar com a dor de Ziggy. A tradução do trecho acima diz tudo: “Tive minha cota, eu te ajudarei com a dor”.

Conclusão…#será?

Espero que vocês tenham gostado desse texto, mesmo que tenha ficado quilométrico e que seja tão empolgante para vocês quanto foi para mim. No próximo texto da série vou falar de moda e estilo Ziggy de ser. Então…“Ohhh, wham bam thank you ma’am!”.

Ao som de:… Eu já disse as faixas durante o texto.

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